Chá das quintas apresenta: Cláudia Ferraz

Uma conversa por trás dos palcos cearenses com Cláudia Ferraz: mulher transexual, ativista de causas sociais e culturais, empresária e artista

Tatiana Hilux
dario.conde2000@gmail.com

Mulher transexual, ativista de causas sociais e culturais, empresária e artista, Cláudia Ferraz empresta seu nome às grandes causas sociais de seu bairro, Messejana (CE), e ao grupo cultural Arte de Amar. É presença cativa – e querida- dos palcos da capital cearense há quase 18 anos.

Tatiana Hilux // Como tem sido o seu trabalho nesta pandemia?

Cláudia Ferraz // Meu trabalho como artista nesta época de pandemia teve que ser totalmente reinventado.

Tati // Há muito preconceito em relação à nomenclatura “travesti”. Qual é a sua opinião sobre ser transexual ou travesti e sobre o que a sociedade pensa sobre a gente?

Cláudia // Infelizmente, com o passar do tempo, a evolução em relação a ser pessoa travesti ou pessoa transexual mudou pouquíssimo. A sociedade ainda olha como uma coisa fora do comum, embora já tenhamos mostrado nosso valor. Já mostramos que somos tão competentes como qualquer outra pessoa.

Tati // Em relação à sua orientação de gênero, fala para a gente do Bemdito como é a sua relação com a família atualmente e como foi ao se assumir.

Cláudia // Eu sempre tive total apoio de toda a minha família, desde a minha transição até os dias de hoje. Sempre tive muito amor e aceitação.

Tati // “Cláudia Ferraz é conhecida por gostar de namorar rapazes gays”. Qual é o seu ponto de vista quando outras transexuais fazem esse tipo de comentário?

Cláudia // Na verdade, eu não me rotulo sobre alguém que gosta de namorar rapazes gays, Gosto de quem me atrai, seja heterossexual ou gay. Atualmente, namoro, sim, um rapaz gay. Quanto à opinião das demais transexuais que falam sobre isso, para mim é totalmente indiferente.

Tati // Gostaria de deixar claro que adoro ver você no palco! Fale para nossos leitores sobre a sua trajetória artística. Qual foi o seu maior êxito?

Cláudia // Sou artista há quase 18 anos. Já fiz shows em praticamente todos os eventos da cidade. Também já fiz shows em trios e paradas, além de participações em TVs locais. Tornei-me também apresentadora na boate Divine. Acho que um dos maiores desafios foi ser apresentadora da Parada da Diversidade de Messejana, pois não é fácil comandar uma parada inteira. Na verdade, você, como artista, sabe que tudo o que fazemos em um palco é sempre desafiador.

Tati // Cláudia também é uma ferrenha ativista. Como você insere a militância na sua vida? Fala um pouco sobre o projeto Arte de Amar também, por favor.

Cláudia // Ser militante é algo desafiador e difícil, pois encontramos muitas barreiras para podermos desempenhar nossa atividade, inclusive, muitas vezes, no próprio meio. Faço parte de um projeto chamado Arte de Amar, que é um importante grupo cultural local. Esse grupo me abraçou e me tornou uma de suas diretoras, além de apresentadora da TV Web Arte de Amar. O projeto em si luta pela causa das mulheres lésbicas, dos bissexuais e de toda a comunidade em geral. Sou muito grata por ter esse espaço para poder militar com total liberdade.

Tati // Gratidão pelo seu tempo e disponibilidade! Poderia escrever seus agradecimentos finais para o público do Bemdito?

Cláudia // Quero agradecer a vocês do site www.bemditojor.com e a Tatiana Hilux pelo convite e espaço para falar um pouco sobre mim e sobre a minha trajetória. Deixo um grande beijo para as pessoas que gostam do meu trabalho e para os meus seguidores.

Tatiana Hilux é artista transformista. Está no Instagram.