Chá das Quintas entrevista Nycolly Ketely

Tatiana Hilux // Como surgiu a personagem Nycolly Ketely em sua vida? Me fala sobre a sua primeira montação.

Nycolly Ketely // Nycolly surgiu na adolescência. Comecei a fazer do meu jeito, do jeito que eu achava que estava bom (risos). Uma coisa bem caricata, mas nunca deixando de querer ser artista. Aí o tempo foi passando, as coisas foram aprimorando e melhorando. Fui tendo mais conhecimento das artes transformistas, então fui lapidando a Nycolly para melhor. Fui tendo conhecimento de profissionais e aceitando as críticas construtivas. E assim, comecei minha fase de crescimento e desenvoltura. Resolvi criar uma cúpula para poder me assessorar. Estamos até hoje sempre levando o melhor para as passarelas, os shows,  os eventos. Esta cúpula é formada por Cristiano Lopes e Alexandre Aquino, que são os meus criadores. Eles que me lapidaram para melhor.

Tati Hilux // Qual é a importância do São João na sua trajetória artística e como você se sente em mais um ano sem esses festejos?

Nycolly // O São João tem uma importância muito grande. Para mim, são muitos anos de São João. Até mesmo antes de ser Nicolly, eu já vivia a emoção do São João. Hoje já são quase 2 anos sem isso. Mexe muito com a emoção por não ter o prazer de estar dançando, se apresentando, levando alegria para as pessoas e fazendo o que amamos. Mais dias melhores virão. Atualmente, fui aclamada Rainha G Junina Asa Branca de Caucaia 2021/2022, onde estarei na primeira fila com destaque do São João. Isso foi muito gratificante para mim porque vou voltar para as quadras fazendo o que há de melhor, que é a dança. E vou estar representado inúmeras transformistas, trans, travestis, que gostam do São João. Isso mostra que o São João é cultura e, acima de tudo, diversidade.

Tati Hilux // A pandemia nos trouxe uma proximidade mais intensa com o mundo virtual. Me fala sobre a sua vida neste momento de isolamento social.

Nycolly // Com o isolamento social, pudemos usufruir mais das redes sociais como meio de comunicação e como fonte de entretenimento entre amigos, colegas e movimentos trabalhistas. Dessa forma, tivemos essa mesma adaptação no meio dos concursos de beleza, só que de forma bem diferente e gradativa. Com possibilidades de lives, podemos mostrar performances e shows. Tento assim essa nova forma de adaptação com as redes sociais, que é algo que podemos usar também depois da pandemia.

Tati Hilux // Quem é a pessoa por trás da maquiagem e peruca?

Nycolly // Eu me chamo Nycolly Gomes, recém-formada em Técnica de Saúde Bucal. Uma pessoa simples, um companheiro. Sempre que posso, estou ajudando quem está precisando. Gosto de levar esperança para transformistas que estão iniciando. Porque sei que é difícil, pois tiro por mim, o quanto foi difícil estar onde estou hoje. Mas sempre com o objetivo de sempre chegar mais longe. Com sonhos para serem sonhados e realizados.

Tati Hilux // Como estão suas expectativas para o pós-pandemia? Shows, desfiles, o quê?

Nycolly // As expectativas são as melhores. Mesmo com a pandemia, não deixei de trabalhar com os meus projetos. Tudo para que, quando eu voltar, possa levar os trabalhos e o entretenimento para todos os públicos. Tenho me preparado para o Top Gay Oficial. Só de estar lá já é um grande passo. Também estou trabalhando para o Miss Gay Caucaia. Todos sabem, e não escondo de ninguém, que um dos meus maiores sonhos é ser miss do meu município. Então, estou bem focada nesses dois concursos neste pós-pandemia.

Tati Hilux // Obrigada pelo seu tempo e interesse. Gostaria de te pedir para mandar um cheiro no cangote dos leitores do Bemdito.

Nycolly // Os meus bjs e o meu agradecimento vão para todas aquelas que estão lendo, todos os admiradores da página e da arte transformista, em especial. Agradeço também ao meu estilista Cristiano Lopes, também ao Alexandre Aquino, ao Erinaldo Peixoto e à Anastácia Castro, minha fã número 1. Adora meu trabalho. Agradeço a todos da Junina Asa Branca, a mais premiada de Caucaia. O meu muito obrigada pelo título de rainha G!  Agradeço também à ONG Fênix Educa Arte, administrada pela Ke Mendes. E agradeço à Junina Tradição Nordestina, que foi uma das primeiras festas juninas dentro de Caucaia a aceitar uma trans dançando. E o meu muito obrigado pela página por me dar a oportunidade de falar um pouco sobre mim. Um beijo da musa da diversidade de Caucaia, Nycolly Ketely Di Viáfora.