Bemdito

Chá das Quintas entrevista Lucas Martins

Mister Rio de Janeiro Gay Plenitude Igualdade Social 2021, Lucas fala sobre amizade, pandemia e vida pessoal
POR Tatiana Hilux

Tatiana Hilux // Como você iniciou a carreira como dublador?

Lucas Martins // Tudo começou por acaso em 2017. Fui convidado pela diretoria da nossa querida turma OK a participar do concurso Mister OK, eu e mais sete candidatos. O regulamento era uma roupa de gala e um número artístico. Eu nunca tinha subido em um palco, mas aceitei o desafio. Pesquisei uma música e comecei a estudar e ensaiar. Um dia antes do concurso, os organizadores me ligaram, dizendo que tinha um candidato com a mesma música que eu e que era para falar com ele. Fui até o candidato e pedi para ele trocar, pois ele já era de show e eu não tinha outra música. Ele alegou que estava ensaiando havia quatro meses. Pensei em desistir, mas amigos queridos não me deixaram desistir e me deram uma música com letra e tradução para eu treinar, de um dia para outro. Esses amigos são José Felizardo e Luc Figueiredo. No dia do concurso, Deus colocou pessoas especiais em minha vida mesmo, a minha querida amiga Layla Riker tinha acabado de ganhar o título de Miss Rio de Janeiro e foi se arrumar em minha casa, pois era mais próxima da turma OK. Vendo meu desespero, ela deu dicas que trago até hoje em minha carreira. Assim, fomos para o concurso. Por ser muito querido, fui ovacionado, e acabei ficando em 2º lugar. E o que não queria trocar a música comigo, em último. Pensei: acho que levo jeito (risos). Mas levou alguns meses para amadurecer a ideia. E hoje estou aí, há três anos, nos palcos. Hoje sou Mister Rio de Janeiro Gay Plenitude Igualdade Social 2021. Ah, e uma observação sobre a turma OK, a casa mais antiga do mundo: se não me engano, ainda está de pé, há 59 anos, sem nunca ter fechado as portas.

Tati // Você é uma pessoa muito querida no meio LGBT carioca. O que significa amizade para você?

Lucas // Graças a Deus, sou muito querido no meio. Não tenho inimizade. Temos que ser humildes e educados. É o mínimo. Com isso, consegui muitos amigos. Eu sempre digo que temos que respeitar as diferenças. Ninguém é igual a ninguém, mas com respeito somos todos iguais. 

Tati // Atualmente, vivemos uma fase complicada na saúde em geral. Como tu tens encarado esse momento crítico?

Lucas // Esse momento está sendo muito difícil para todos. Perdi muitos amigos queridos, mas estou procurando encarar essa pandemia como um aprendizado. Estamos dando valor a pequenas coisas.

Tati // Fala um pouco sobre sua vida pessoal e seus amores, por favor.

Lucas // Bem, falar de mim é fácil (risos). Sou muito sossegado, trabalho muito, acordo às 4 da manhã para trabalhar e sou muito grato. Trabalho com pessoas com necessidades especiais (autismo) há 18 anos e também sou artesão. Tenho uma barraca no centro do Rio de Janeiro,  onde vendo meus produtos. Sou romântico à moda antiga e gosto de fazer um bom jantar para a pessoa amada.

Tati // Há muitos dubladores masculinos que usam nomes artísticos diferentes do seu nome de batismo. Quem é o Lucas por trás dos palcos?

Lucas //
Bem, o Lucas Martins é a mesma pessoa no palco ou fora dele. Mantive meu nome para me apresentar, mas diferenciei o Lucas artista do Lucas anônimo. Lucas artista é mais desinibido (risos).

Tati // Gratidão pelo seu tempo e interesse. Manda um cheiro pro Ceará e para o site Bemdito.

Lucas // Quero agradecer muito a todos e ao Bemdito pelo carinho comigo e mandar um grande beijo a todos do estado do Ceará, onde tive o privilégio de conhecer pessoas maravilhosas. Um cheiro a todos.

Tatiana Hilux

Artista transformista desde 2000, é Miss Gay Ceará Oficial 2002 e Miss Gay Ceará Plus Size 2017. Parte do grupo artístico Turma OK, tradicional casa de shows carioca, também integra o Coletivo Artístico Divas.