Bolsonaro e as estratégias digitais em 2022
O presidente se notabilizou por sua bem-sucedida campanha eleitoral nas redes sociais em 2018. Ao longo de seu mandato, pudemos observar que seu investimento nos ambientes digitais persistiu.
Durante os anos de seu governo, mesmo em meio a diversas polêmicas políticas, que redundaram em reprovações apontadas pelas pesquisas de opinião pública, Bolsonaro liderou, na maior parte do tempo, o Índice de Popularidade Digital (IPD), medido pelo Instituto Quaest. Foi somente em fins de 2021, que o presidente foi superado por Lula, após o tour deste pela Europa. Ainda assim, Bolsonaro segue muito bem posicionado no ranking, estando os demais candidatos significativamente distantes de sua segunda colocação.
Esses dados evidenciam a expertise do presidente e seu grupo na esfera digital. Destacando-se o gerenciamento que fazem das redes, atuando em várias delas e usando uma estratégia de marketing que viraliza e mobiliza rapidamente a opinião pública (favorável e/ou contra). O presidente parece ciente do que está em jogo em termos de visibilidade e engajamento quando se trata do gerenciamento de suas redes.
Segundo o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas, num evento em que foram inaugurar uma ponte, o presidente o questionou: “Essa foto nossa atravessando a ponte, você acha que ganha quantas curtidas?”, ao que ele respondeu que não sabia. Bolsonaro então asseverou: “Nas primeiras horas, três milhões de curtidas nas minhas redes sociais. Sabe o que é isso, Capita? Publicidade de graça”.
Nessa compreensão do papel estratégico do engajamento em suas redes sociais e buscando retomar a preponderância nessa esfera face os adversários, o presidente apresentou, neste ano eleitoral, o “Bolsonaro TV”, um aplicativo que reúne todas as suas redes sociais.
Além disso, também tem chamado atenção o tom que o presidente vem assumindo na interação com as críticas nas redes.
Em diversas postagens de artistas e/ou matérias que expõem julgamentos desfavoráveis, a interação de Bolsonaro com o conteúdo tem sido irônica e debochada. Foi a cantora Anitta, num desses episódios de conflito com o presidente nas redes, que desvendou a estratégia: “Eles estão com uma equipe de redes sociais mais jovem e descolada pra justamente passar essa imagem dele. Fazer o público esquecer com piadas e memes da Internet que faça o jovem achar que ele é um cara maneirão, boa praça”.
A estratégia, que como aponta Anitta, se dirige, especialmente, aos jovens é relevante por dois motivos: a) este é segmento sob o qual as oposições têm buscado fazer um trabalho intensivo de mobilização para participação eleitoral; b) como já discutimos em coluna anterior: foi entre as juventudes que Bolsonaro teve a maior queda proporcional de adesão, no comparativo entre as eleições de 2018 e 2022. Mirando a diminuição da rejeição forjada ao longo do mandato, a adequação na estratégia das redes sociais mostra, portanto, que a campanha do presidente está a todo vapor.