Chá das quintas apresenta: Jorge César

Ator e diretor teatral, Jorge César começou a carreira interpretando a Via Sacra, fez curso no Teatro José de Alencar e hoje mora no Rio

Tatiana Hilux
dario.conde2000@gmail.com

// Tatiana Hilux // Nos conhecemos há anos e fiquei encantada quando vi que você tinha virado ator, amigo! Como foi seu início na ribalta?

// Jorge César // Meu início foi mesmo em casa, rs. Eu brincava de atuar, via muito TV, criava histórias dentro da minha imaginação. Logo em seguida, comecei a fazer Via Sacra na comunidade em que morava e teatro na escola. Até que, saindo da adolescência, fui procurar o Curso de Princípios Básicos de Teatro, no José de Alencar, onde me encontrei como pessoa e como profissional.

// Tati // Como ator transformista, tenho uma dúvida. Há preconceito da galera do teatro com quem atua em outros tipos de palco?

// Jorge // Existem atores e atores. Há quem tenha preconceito com quem faz shows de humor, ou com quem trabalha apenas com espetáculos infantis. Mas com quem atua nos palcos de shows, como transformista, vejo muito respeito e admiração pelo trabalho. Eu, particularmente, vejo que nossas transformistas e drag quens levam a sério o trabalho nos palcos, com um profissionalismo e uma dedicação que não deixam a desejar a nenhum outro artista. Não é à toa que são divas, pois brilham em tudo o que se permitem fazer. Só sinto falta das divas em mais espaços. Não apenas em casas de shows, mas também nos palcos teatrais e nas telas de TV e cinema.

// Tati // Hoje você mora no Rio, cidade que amo de paixão. Por que vc decidiu se mudar de mala e cuia? Tem a ver com a arte?

// Jorge // O amor da minha vida mora no Rio. Então, ou ele ia para Fortaleza ou eu viria para o Rio. Optei então por morar aqui, que também é uma cidade que eu já amava. De início, não pensei muito nessa questão de me estabilizar profissionalmente, mas, com o tempo, nós, artistas, sentimos falta da atuação e do público. Aqui seria um ótimo polo de atuação, apesar da concorrência. Mas, de antemão, vou tentando construir esse espaço.

// Tati // Você já se destaca na cena teatral há muitos anos. Me fala uma saia justa que você já passou em cena, por favor.

// Jorge // Menina, são tantas saias justas, rs. Atropelar o texto do colega de cena ou adiantar a cena foi uma delas. Cair de patins no palco. Levar tombos, dar blecaute e dar tempo sair de cena, e até cuspir no rosto do companheiro de cena quando falava.

// Tati // Quem mais você admira nas artes cênicas no nosso país?

// Jorge // Em primeiro lugar, nossos atores cearenses, que são vários: Joca Andrade, Paulo Ess, Isabelle de Morais e muitos outros. Layla Sah é uma diva em cena. Fernanda Montenegro é unanimidade, mas dona Laura Cardoso e Osmar Prado são grandes.

// Tati // Vejo que você tem feito muitas lives de entrevista. Como você tá se adaptando nesta era de Covid-19?

// Jorge // Tenho respeitado muito este momento pelo qual estamos passando, e as lives foram para que nos mantivéssemos juntos. De alguma forma, é uma ideia de me manter ligado às artes e tentar levar um pouco de alegria e entretenimento para este período. A intenção é a de levar um pouco de alegria e entretenimento. O isolamento social tem sido tão duro para todos. As conversas têm a intenção de minimizar esse rebuliço.

// Tati // Gratidão imensa pela disponibilidade e gentileza para comigo do Bemdito. Qual mensagem você fala para quem está começando nas artes cênicas?

// Jorge // Para quem está começando, a sugestão é: vá ao teatro quando puder! Atualmente, há muitos espetáculos online e gratuitos. Observe sempre a forma de interpretar dos atores e leia sempre! Mas ressalto que é uma profissão muito difícil. Então, só se proponha a exercê-la se houver muito amor. Se tiver amor, já foi dado o principal passo para a realização.

Tatiana Hilux é artista transformista. Está no Instagram.