Brasília é longe da gente
No momento da escrita deste texto, estou também com a aba do navegador aberta no site de notícias, lendo o segundo texto para entender melhor a votação da PEC dos Precatórios. Parece música, tem até sonoridade, não? PEC dos Precatórios. Não me considero superdotado. Na verdade, nem tão inteligente, mas sou esforçado e informado. Mesmo assim, agora, pulando para o terceiro site, deixo-me acometer pela insegurança de uma possível desinteligência.
Outros devem estar na mesma aflição que eu e muitos, certamente, não sabem e nem vão ficar sabendo desta pauta. Noam Chomsky continua tendo razão com aquela síntese de que “a população geral não sabe o que está acontecendo, e eles nem sequer sabem que não sabem.”. Talvez isso faça mais sentido agora neste mundo bombardeado de informações importantes, entretenimento bobo (mas necessário) e crise de todos os tipos.
Milhões não se darão conta das mudanças, como essa da PEC dos Precatórios, no momento que estas se efetivam, ainda no plano legislativo. Depois, independente disso, sofrerão os impactos do que está sendo discutido a quilômetros de distância do litoral ou da Amazônia, no meio do cerrado, em Brasília. Decidirão os futuros dos ribeirinhos de Barcarena no Pará e do agricultor de São Joaquim em Santa Catarina aqueles eleitos para isso. Hoje eles trabalham de gravata no ar condicionado, não batem perna tomando cafezinho e comendo pastel de feira, como em tempos de campanha eleitoral. Normal (?) no processo democrático.
A grande massa subassalariada vai ter que comer, se conseguir, dobrado para encaixar no meio da rotina da sobrevivência o exercício de cidadania que é acompanhar o andamento das votações e dos projetos de lei e emendas parlamentares. Emendas? Pois é, ainda tem isso. Haja dicionário e léxico para entender essa linguagem difícil, às vezes propositalmente “discreta e silenciosa” destes alquimistas de passeio completo.
Deixo vocês por aqui e continuo tentando entender o que se passa no Brasil, com a certeza de que não vou encontrar a resposta.