Bemdito

Não é rápido e nem é fácil

Os desafios de trabalhar no universo imprevisível das redes sociais
POR Juliana Lotif

“Faz essa logo para mim? Você é craque faz rapidinho e me entrega amanhã” ou “ahhh isso não é nada de mais é só o Instagram da empresa. Você é jovem, gosta de redes sociais e vai tirar isso de letra”. Quem trabalha com gerenciamento de redes sociais ou com design gráfico certamente já ouviu coisas do tipo. Porém, administrar as redes sociais de uma empresa ou criar a identidade visual de um novo produto não é um trabalho rápido e nem simples.

Seguindo a linha da invisibilização de algumas profissões, tema da coluna do mês passado, vem a falta de conhecimento sobre os processos, tempos e custos para o desenvolvimento de trabalhos criativos. Mesmo o trabalho de assessoria de comunicação sendo uma área do Jornalismo e das Relações Públicas estabelecida no Brasil desde os anos de 1950, época que também surgiram os primeiros cursos de Design no país (chamados de Design Industrial ou Comunicação Visual), estes campos ainda sofrem com o pouco entendimento da população sobre suas práticas. 

A profusão de fórmulas prontas, templates e pacotes de layout para postagens, também fazem com que os clientes, que já não conseguem enxergar bem as características das profissões do campo da Comunicação Social e do Design, fiquem ainda mais confiantes da facilidade em desenvolver trabalhos nestas áreas. 

Trabalhar com redes sociais é um universo novo até para quem já está neste mercado. Mas nem por isso deixa de exigir de comunicadores, jornalistas ou publicitários, formação específica, conhecimento do mercado, planejamento de mídia, investimento de tempo e custos operacionais para realizar aquela postagem “simples” ou fazer “só um videozinho” para os stories. 

Já para desenvolver peças gráficas de comunicação visual, para fazer “um cartão de visitas bem simples” não é necessário somente conhecimento dos softwares gráficos. Estudos de cor, layout, tipografia são o mínimo necessário para começar a projetar algo. E para saber de softwares e de elementos da linguagem visual é preciso investimento de tempo e de dinheiro (com cursos e licenças) além de estudos de mercado e planejamento do conjunto de peças. 

Por tudo isso, é preciso também educar os clientes. Mostrar quanto tempo, quanto investimento e quanto conhecimento por parte do profissional é necessário para fazer uma marca “bombar na internet”. 

Juliana Lotif

Comunicadora social e designer, é professora de Comunicação Visual na UFCA. Mestre e doutoranda em Design pela ULisboa, foi coordenadora de cursos de graduação e pós-graduação em Publicidade, Jornalismo e Design.