Bemdito

Quando a boa convivência vence a competência

Pessoas amigáveis ​​e confiáveis ​​têm maior probabilidade de serem selecionadas para equipes do que aquelas que são conhecidas apenas por suas habilidades e competência
POR Yanna Guimarães

Não acredito que seja somente uma experiência pessoal, a pandemia trouxe para muita gente uma filtragem maior que a usual do número de amigos e pessoas próximas. Com a convivência presencial reduzida ao longo desses meses, houve tempo para considerar quem você realmente quer por perto. Inclusive no trabalho.

 Que tipo de pessoa você gostaria de conviver “no seu horário comercial”? Você optaria pelas competentes ou pelas amigáveis e confiáveis? Uma pesquisa da Universidade de Binghamton, em Nova York, mostrou que a simpatia e a confiabilidade costumam ser fatores mais importantes do que a competência no que diz respeito à montagem de equipe. 

“A pesquisa sugere que as pessoas muitas vezes são escolhidas porque os membros da equipe se sentem confortáveis com elas”, disse Cynthia Maupin, professora da Universidade de Binghamton e líder do estudo. “As pessoas podem estar dispostas a sacrificar um pouco em termos de desempenho para ter uma experiência de equipe realmente positiva”, acrescenta.

 O estudo foi feito com um grupo de alunos e analisou como eles sinalizavam seu capital humano; a capacidade de fazer bem suas tarefas; seu capital social; e o grau em que eram amigáveis e confiáveis para outros. Isso foi percebido nos participantes pelo que eles denominaram de voz desafiadora e voz de apoio. 

Claro que quem conseguia demonstrar ambas as habilidades (voz desafiadoa e voz de apoio) partiu na frente. No entanto, os pesquisadores descobriram que os alunos que exibiram capital social apenas por meio da voz de apoio foram mais procurados do que aqueles que apenas sinalizaram sua competência por meio do uso de voz desafiadora.

 “Nossas descobertas sugerem que, quando as pessoas sentem que podem confiar em você, mesmo que você não seja necessariamente o melhor trabalhador, é mais provável que queiram trabalhar com você”, disse Maupin. “Eles sabem que provavelmente haverá menos problemas interpessoais nesse caso”.

 Ter uma reputação positiva por um bom currículo de trabalho ajuda muito, mas ser uma boa pessoa também. Quem não quer trabalhar com quem se sente confortável?

Yanna Guimarães

Jornalista e mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova de Lisboa.