Bemdito

Histórias para contar além das palavras

É possível juntar o jornalismo e o design para contar histórias com um texto mais rico e diversificado
POR Juliana Lotif

É possível juntar o jornalismo e o design para contar histórias com um texto mais rico e diversificado

Juliana Lotif
julianalotif@gmail.com

Como professora de comunicação visual em um curso de jornalismo, costumo ouvir dos estudantes, nos primeiros dias de aula, a expressão “eu gosto de escrever, por isso escolhi fazer jornalismo” e sempre questiono se não deveriam falar “eu gosto de contar histórias, por isso eu escolhi fazer jornalismo”.

Histórias podem ser contadas de várias maneiras, inclusive com palavras. Os textos jornalísticos ainda hoje são, em sua maioria, configurados a partir da lógica linear do texto verbal que se consolidou na tradição jornalística. Mesmo depois de mais de cem anos da possibilidade de reprodução de imagens em publicações periódicas impressas, de quase noventa anos de telejornalismo e de ao menos vinte e cinco anos de jornalismo digital, ainda é possível ver “imagens de apoio”, “uns desenhos para deixar mais jovem”, “uma foto para quebrar a massa de texto” circulando em produções veiculadas na mídia.

Quando pensamos em jornalismo e design, vem logo à cabeça o design editorial, através dos projetos gráficos das publicações – ou o design da informação, através da infografia. Linguagem gráfica, comunicação visual, design gráfico e design da informação são áreas que têm mais a contribuir com o jornalismo do que a configuração visual dos textos verbais.

As histórias contadas pelos jornalistas podem lançar mão dos vários modos de representação da linguagem visual para enriquecer seus conteúdos. As palavras podem adquirir forma e mais uma camada de significado através da tipografia, do tamanho, das cores e da orientação na página. As imagens podem trazer ideias complementares mostrando situações, expressões faciais ou localizações no espaço que são difíceis de narrar com as palavras. Já os gráficos, as tabelas, os quadros, os mapas (na linguagem técnica, os esquemas), incrementam a narrativa com comparações e localizações no tempo, por exemplo. Tudo isso pode ser trabalhado em textos para mídia impressa, audiovisual ou digital.

Repensar a relação entre jornalismo e design, olhar para as histórias que aparecem no cotidiano e imaginar em como elas podem ser contadas com palavras, imagens e formas é um bom desafio para os profissionais especialistas em contar histórias. Vamos praticar?!

Juliana Lotif é professora de jornalismo e design. Está no Instagram.

Juliana Lotif

Comunicadora social e designer, é professora de Comunicação Visual na UFCA. Mestre e doutoranda em Design pela ULisboa, foi coordenadora de cursos de graduação e pós-graduação em Publicidade, Jornalismo e Design.