Tebet e sua caminhada da esperança

Há um ano, nesta coluna, discutia sobre as condições de competitividade das mulheres à Presidência da República. Entre as reflexões apontava que, de um modo geral, o debate sobre a representação das mulheres enfatiza a implementação de cotas centrada na ocupação de cargos no Legislativo. 

Mesmo que no último pleito (2018) tenhamos avançado, ainda que pouco, no percentual da representação feminina na Câmara Federal, a presença de mulheres nos cargos Executivos continua diminuta. A perspectiva de alteração deste quadro parece longínqua, vide um dado recente da Folha de São Paulo sobre o baixo número de pré-candidaturas de mulheres aos governos estaduais.

A nível federal, a pré-candidatura de maior visibilidade é a de Simone Tebet (MDB-MS). Senadora eleita em 2014, Tebet destacou-se, no último ano, por sua participação na CPI da Pandemia. Atuando na liderança da Bancada Feminina e também individualmente em um dos momentos-chaves – a denúncia sobre a compra da Covaxin.

Sua pré-candidatura foi confirmada pelo MDB, no fim do último mês, após a desistência de João Dória (PSDB). É relevante destacar que, ainda que a saída do tucano tenha sido crucial para pavimentar a confirmação, a pré-candidatura da senadora precisa enfrentar alguns desafios até a homologação nas convenções partidárias. Além da negociação de palanques estaduais com o PSDB, Tebet precisa crescer nas pesquisas de intenção de votos para se consolidar como uma opção viável da terceira via.

Nesse sentido, os movimentos recentes de sua pré-campanha ganharam um ritmo mais intenso. Se antes o desconhecimento foi crucial para justificar sua indicação, pois isso significava menor rejeição, agora, a senadora precisa adensar sua agenda de viagens pelo país com vistas a ampliar sua visibilidade e reconhecimento dos eleitores/as.

Do ponto de vista comunicacional, a pré-campanha produziu um vídeo em que a própria Tebet narra sua trajetória, destacando aspectos pessoais, profissionais e políticos. Inicia dizendo que “Nasci no interior do interior”, na sequência a ênfase é no fato de ter estudado na escola e universidade públicas e ter sido professora. A trajetória política é demarcada pela entrada na política institucional, em 2002, como deputada estadual. 

O arremate do vídeo é o destaque ao pioneirismo: “Eu fui a primeira mulher em muitas coisas na minha vida, não só na prefeitura e na vice-governadoria, mas também fui a primeira mulher a presidir a comissão mais importante do Senado e do Congresso, que é a Comissão de Constituição e Justiça. A primeira líder da Bancada Feminina, fui a primeira mulher a disputar em 198 anos de história, a presidência do Senado Federal”. A senadora conclui afirmando que sua pré-candidatura busca a reconstrução do Brasil.

Tebet batizou sua jornada de viagens pelo país como “Caminhada da Esperança”. Um título muito sugestivo. Afinal, para além de seu desejo de apresentar outra opção política ao eleitorado brasileiro, em suas incursões reside a possibilidade de efetivar a candidatura rumo à corrida presidencial.