Bemdito

Uma vez por dia: uma palavra com cinco letras e seis tentativas

Em inglês ou português, os jogos do momento são simples, desafiadores e viciantes
POR Yanna Guimarães

Você já foi fisgado pelo Termo ou pelo Wordle? Ou não tem ideia do que se trata? Quem já conhece sabe que é difícil ficar sem jogar. Uma vez por dia, você tem um desafio: acertar uma palavra com cinco letras. São seis tentativas. Cada palpite fornece dicas codificadas por cores: uma letra fica verde se estiver no local correto; amarela se fizer parte da palavra, mas em um local diferente; e cinza se não estiver na palavra. 

O linguista computacional Jason Riggle, da Universidade de Chicago, explica que o que torna o Wordle (e o Termo, no Brasil) tão encantador e viciante é a sensação de compreensão que ele traz. “Como pessoas, todos gostamos de ser compreendidos. Na verdade, ficamos frustrados quando as pessoas não nos entendem. Quando pretendemos dizer algo que o ouvinte não espera ouvir, nós formulamos de maneira diferente, e eles sabem estar alertas antes mesmo de completarmos nossa declaração”, explica o professor.

No caso de Wordle, o jogador desfruta dessa mesma sensação, mas com linguagem e ortografia, em vez de conversa. “É uma janela para as maneiras subconscientes com as quais nos envolvemos e decompomos a linguagem. Com efeito, transforma todos os jogadores em linguistas, nos força a lutar com fragmentos sonoros e a juntá-los de acordo com distribuições de probabilidade”, acrescenta. 

Embora os algoritmos possam ser otimizados para “derrotar” Wordle, Riggle ressalta que a diversão realmente vem de fazer esse trabalho por conta própria. “Não quero saber como o truque é feito. Eu só quero me surpreender. Muita compreensão sobre os mecanismos e dicas vai privar você de usar seu próprio senso intuitivo, que é de onde vem a alegria”. 

A outra coisa legal sobre Wordle é seu nível de simplicidade – apenas cinco letras. Não parece tão assustador. “A complexidade é limitada. É um pedaço pequeno e gerenciável de prazer”, aponta o professor. Ele vicia, mas só até certo ponto. É uma chance diária. Acertou? Ótimo, agora é esperar a palavra do dia seguinte. Errou? Ele te diz qual era a palavra e agora só te resta tentar de novo amanhã.

Yanna Guimarães

Jornalista e mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova de Lisboa.