Bemdito

Cuidemos da nossa mente

Casos de depressão e ansiedade aumentam na pandemia, diz estudo internacional envolvendo dados de 204 países
POR Yanna Guimarães
(Foto: Aliaksei)

Uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet, na última sexta-feira (8), comprovou o que muita gente já imaginava ou sentia na pele: durante a pandemia da Covid-19, os casos de depressão aumentaram 28% e os de ansiedade, 26%, em todo o mundo. O estudo, que envolveu 65 pesquisadores, estima que ocorreram 246 milhões de casos de transtorno depressivo e 374 milhões de casos de transtorno de ansiedade em 2020. As mulheres e os jovens com idades entre 20 e 24 anos foram os mais afetados. No Brasil, o aumento foi um pouco menor que o do índice mundial. Houve um crescimento médio de 27% nos casos de depressão e de 23,4% nos casos de ansiedade.
 
A maior ocorrência foi entre as mulheres: 66% dos casos de transtorno depressivo e 68% dos casos de ansiedade. “As responsabilidades adicionais de cuidar da família devido ao fechamento de escolas ou doenças de familiares têm maior probabilidade de recair sobre as mulheres. Elas têm mais chances de sofrer desvantagens financeiras durante a pandemia devido a salários mais baixos, menos economias e empregos menos seguros do que os homens. As mulheres também são mais propensas a serem vítimas de violência doméstica, cuja prevalência aumentou durante o confinamento”, definiu o estudo. 

Já os jovens com idades entre 20 e 24 anos foram afetados principalmente pelo fechamento de escolas e pelas restrições sociais mais rígidas. “A Unesco declarou a Covid-19 como a interrupção mais severa da educação global na história, estimando que 1,6 bilhão de alunos em mais de 190 países ficaram totalmente ou parcialmente fora da escola em 2020. Isso afetou a capacidade de aprender e de interação com os pares. Além disso, os jovens têm maior probabilidade de ficar desempregados durante e após as crises econômicas do que as pessoas mais velhas”, relatou o estudo.

Liderado por Damian Santomauro, da Escola de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Queensland, na Austrália, o estudo teve como base 48 relatórios, publicados entre 1º de janeiro de 2020 e 29 de janeiro de 2021, que incluíam dados sobre a prevalência de transtornos depressivos ou de ansiedade em 204 países e territórios diferentes antes e durante a pandemia. 

“A pandemia gerou uma urgência cada vez maior para fortalecer os sistemas de saúde mental na maioria dos países. As estratégias vão desde promover o bem-estar mental e direcionar os determinantes de saúde mental precária a intervenções para tratar pessoas com transtorno mental. Não tomar medidas para lidar com o fardo do transtorno depressivo e dos transtornos de ansiedade não deve ser uma opção”, apontaram os pesquisadores. 

Procurar ajuda profissional, fazer uma atividade física, dar um passeio, encontrar amigos, brincar com seus filhos. Buscar o bem-estar. Não precisa de muito para encontrar um escape nesse combo pesado que tem sido Brasil + Covid19. Mas é preciso insistir.

Yanna Guimarães

Jornalista e mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova de Lisboa.