Da fotografia à música Anacé: entre o ancestral e o contemporâneo
“Quem deu esse nó / Não soube dar / Esse nó tá dado / Eu desato já / Oi, desenrole essa corrente / Oi, deixe o índio trabalhar…”
Se no Toré o nó está dado, na cultura e na arte o pisado forte no terreiro reafirma o passo da luta pela terra, pela vida, pela existência. Indígenas do Ceará seguem abrindo caminhos e correntes com seus modos de existências e suas presenças.
E o mês de agosto se apresenta com a exposição dos projetos de dois jovens: Débora Anacé e Raphael Anacé trazem olhares novos para a música e para a fotografia com ações no “Territórios de Criação”, apoiado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, com recursos da Lei Aldir Blanc Ceará, e realização do Instituto Cigano do Brasil, Bruta Flor – Arte e Intervenção, Casa das POC Produtora e Mercúrio Gestão e Produção.
Qual é o seu território? O Brasil é todo indígena! “O projeto Territórios de Criação é uma incubadora que tem como guia a pluralidade. Reunindo 16 projetos artístico-culturais oriundos de povos e comunidades tradicionais, o Territórios de Criação, através de trocas e interconexões entre os integrantes dos projetos contemplados, tutores e produtores envolvidos na incubadora, contribui para a diversidade cultural local e a fruição destas artes e culturas ancestrais”, afirma o coletivo.
Grafismos indígenas
O Toré faz o chamado, a roda já está feita, a fogueira ilumina o terreiro. Todo o povo reunido, num encontro bonito com os encantados, a aldeia se prepara para receber o olhar de Débora Anacé. Está em cartaz, na Reserva Indígena Taba dos Anacés, a exposição da jovem indígena, o “Olhar fotográfico: grafismos indígenas pelo Povo Anacé”.
O trabalho foi pensado, segundo a artista, com o objetivo de registrar por meio da fotografia o processo de extração da tinta até o momento da realização dos traços dos grafismos no corpo, destacando, assim, a importância da preservação cultural dentro das comunidades indígenas, e entre a juventude, cultivando os saberes ancestrais.
Tecno Tapera
E a batida está no pé e também nas redes. Tem som novo para se apreciar, são as criações sonoras de Raphael Anacé com o “Tecno Tapera”, projeto de música Anacé, da aldeia Taba. Uma experimentação musical, segundo o artista, que mescla o ancestral e o contemporâneo, unindo a tradição à elementos atuais como a música eletrônica.
É um ambiente de troca, formação e experiência no território indígena, que propõe o encontro entre diferentes grupos que produzem música e expressões para a gravação dos sons e a mixagem a partir da estética tecno e eletrônica. As produções serão disponibilizadas nos canais da aldeia e nas plataformas de streaming, como Spotify e Soundcloud.
Para saber mais sobre a exposição o “Olhar fotográfico: grafismos indígenas pelo Povo Anacé” e o “Tecno Tapera”, acesse o site oficial e acompanhe nas redes.