Bemdito

Respeita que é Cabeça de Nêgo, gente

Negritude, resistência, feminismo e umbanda em duas estreias dos cinemas
POR Ivna Girão
Cena do filme "Cabeça de Nêgo", de Déo Cardoso (Foto: Divulgação)

Cabeça de Nêgo é arte que subverte, é um convite para pensar fora das caixas, para quebrar lógicas e discursos e, principalmente, para tentar abrir diálogos com essa juventude que já vem construindo há muito tempo, com força e vigor, as suas lutas antirracistas, seja nas escolas, nas redes sociais, na rotina da vida ou na quebrada. O filme do cearense Déo Cardoso tem estreia dia 21 de outubro e traz expectativas sobre um outro olhar, sobre outras vozes e o real protagonismo de negros e negras nos seus lugares de fala, de presença, força, atuação, resistência e criação.

Em Cabeça de Nêgo, após reagir a um insulto em sala de aula, Saulo Chuvisco (Lucas Limeira) é expulso da escola e se recusa a sair das dependências da instituição. Em sua ocupação, ele usa as redes sociais para expressar todo o seu descontentamento com a direção da escola, expondo o abandono e a solidão sofridos por ele e outros estudantes, iniciando um verdadeiro movimento estudantil. Dirigido e roteirizado por Déo Cardoso, a obra traz como protagonista Chuvisco e uma equipe potente, com destaque para a força e a presença das mulheres negras. Um filme que debate as opressões e escancara o sistema estudantil, em uma comparação da escola com as prisões. Um debate inquietante, incômodo.   

“Jovem negro, morador da periferia e estudante de escola pública. Você conhece alguém que se enquadra nessa descrição, né? E hoje estamos aqui para te apresentar mais um secundarista de luta do nosso país: Saulo Chuvisco. Inspirado em um dos Panteras Negras, ele tenta promover uma revolução na escola para combater o racismo. Buscando apoio de alunes e professores, Saulo procura fazer valer os interesses da comunidade escolar, mas terá que enfrentar quem pensa diferente”, segue o convite publicado nas redes sociais do filme.

Arreda homem que chegou mulher 
Uma outra estreia muito celebrada no Ceará é a chegada de Telma, Elisa e Cristina. Três mulheres, umbandistas, mães de santo, donas de si e de seus terreiros. Bora pro cinema? Dia 16 de outubro, às 16h, tem estreia do filme Arreda Homem que chegou Mulher, em exibição especial no Cineteatro São Luiz. Uma obra sobre a força do axé e do matriarcado nos terreiros de Umbanda. Entrada gratuita. Saiba mais no Instagram da Peixe-Mulher.

Ivna Girão

Jornalista, historiadora e escritora, é coordenadora de comunicação da Secretaria de Cultura do Ceará.