Bemdito

Um mi que toca para todes

Festival online de Música da Ibiapaba é convite para puxar um violão, abrir um vinho e se imaginar nas esquinas da Serra
POR Ivna Girão
Foto: Paulo Winz

Da janela do casarão antigo, em Viçosa do Ceará, em frente à praça, um som chama para a rua. Notas bonitas, canções que sobem e descem ladeiras, uma juventude com violino e trompete atravessando a cidade para ver e ouvir a banda passar. Um mi que toca para todes. A cena traz saudades do Festival de Música da Ibiapaba. Em 2021, a edição acontece online, nas redes. Mais uma prova da força da música, que, mesmo na distância, se faz no ciberespaço – um mosaico de artistas, que em cada canto desse país, se encontram para vibrar numa mesma nota. A arte sendo diapasão.

A janela se abriu, o Mi começou online e segue até dia 30 de julho, não apenas para Viçosa, mas para o Brasil todo. O Mi cresceu e, nas redes, faz serenata em todo canto. A programação é uma boniteza: além dos shows, uma série de oficinas com foco na formação, na fruição, na contemplação, na acessibilidade.

Para quem sente saudades, o convite é para acessar o Youtube do evento, puxar um violão, abrir um vinho, se imaginar nas esquinas da Ibiapaba, soltar o primeiro acorde e esperar a neblina da madrugada embriagar os amantes sonoros. Quem já foi sabe bem o que estou dizendo. E para quem não conhecia, espia e escuta. E como canta a canção, “viver é afinar o instrumento. De dentro pra fora. De fora pra dentro. A toda hora, todo momento.” Viva o Mi!

O Mi entoa e faz vibrar, aqui um pouco do que ainda virá: tem show com Moon Kenzo (Sobral), com Vacilant investiga o tempo (Fortaleza), tem “A percussão corporal e o festival” com os Barbatuques Maurício Maas, Mairah Rocha e Amanda Nunes e mediação de Lenina Silva, show com Oigá  (Cariri/CE), Os Bardos (Tianguá/CE), prosa com João Donato e os convidados Thiago Almeida, Pedro Madeira e Ednar Pinho, mesa com Diego Melo, Luciana Gifoni, Harley Oliveira e Mediação de Ernesto Gadelha (CE), tem as canções de Luiza Nobel (Fortaleza), Viramundo (Fortaleza), música com Mãe Ana, Bem Gil, Naiane Olah e Mestrinho, lançamento do clipe de Gabriel Cheib, espetáculo com Abidoral Jamacaru (Cariri/CE), Humberto Pinho e Cristiano Pinho (Viçosa do Ceará/CE), com Aparecida Silvino, Rebeca Câmara, Lia Veras e Show com Waldonys, Cátia de França e também luediLuedji Luna (BA). 

A programação segue até sexta-feira, 30 de julho, com mais de 30 atrações entre oficinas, shows, mesas, palestras e papos musicais no ambiente digital. Todo evento é gratuito e pode ser conferida e acompanhada no site oficial.

Orquestra Contemporânea Brasileira
O Ceará segue sendo esse lugar bonito da música e das artes. E para celebrar e adiar o fim do mundo, uma outra experiência sonora que trago aqui é a segunda temporada de apresentações no Cineteatro São Luiz da Orquestra Contemporânea Brasileira (OCB).

Os espetáculos fazem parte de uma residência artística do grupo musical, iniciada em 2019. O programa está sendo adaptado ao contexto de isolamento social, através de exibições online nos meses de julho, agosto e setembro. A nova edição prevê a realização de oito concertos, com duas exibições distintas a cada mês.

Os espetáculos são exibidos no canal do YouTube do Cineteatro São Luiz e da Associação dos Amigos da Arte (AAMARTE), promotora da orquestra: Serão 10 músicos no palco, com o maestro, e mais 10 músicos se apresentando virtualmente. Em tempos difíceis, vamos afinando os instrumentos da alma. 

Ivna Girão

Jornalista, historiadora e escritora, é coordenadora de comunicação da Secretaria de Cultura do Ceará.