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Ser vegano é tech, é pop, é tudo!

Dieta vegana de 12 semanas pode resultar em perda de peso clinicamente significativa e melhorar o controle de açúcar no sangue
POR Yanna Guimarães

Semana passada, hospedei meu tio que mora na Escócia por alguns dias. Além de morar longe do Brasil há 20 anos, ele também passou a maior parte da sua vida sendo vegetariano e, nos últimos anos, vegano. Claro que é mais fácil optar por esse estilo de vida em um país que oferece muitas opções para quem não quer consumir nada de origem animal. 

Uma dieta vegana de 12 semanas pode resultar em perda de peso clinicamente significativa e melhorar o controle de açúcar no sangue em adultos com excesso de peso e com diabetes tipo 2. A descoberta veio após uma meta-análise de 11 estudos randomizados envolvendo quase 800 participantes (com 18 anos ou mais), apresentada no Congresso Europeu sobre Obesidade (ECO) deste ano, em Maastricht, na Holanda (4 a 7 de maio). 

Para este estudo, os pesquisadores do Steno Diabetes Center Copenhagen, na Dinamarca, realizaram uma revisão sistemática de todos os estudos randomizados relevantes em inglês, publicados até março de 2022, comparando o efeito de dietas veganas a outros tipos de dietas sobre fatores de risco cardiometabólicos. As análises descobriram que, em comparação com as dietas de controle, as dietas veganas reduziram significativamente o peso corporal (média de -4,1 kg) e o IMC (-1,38 kg/m²). Mas os efeitos sobre o nível de açúcar no sangue (-0,18% pontos), colesterol total (-0,30 mmol/L) e colesterol de lipoproteína de baixa densidade (-0,24 mmol/L) foram pequenos.

Análises posteriores encontraram reduções ainda maiores no peso corporal e IMC quando as dietas veganas foram comparadas com a continuação de uma dieta normal sem alterações (-7,4 kg e -2,78 kg/m², respectivamente), do que em comparação com outras dietas de intervenção (-2,7 kg e – 0,87 kg/m²) . Os pesquisadores observam várias ressalvas em suas descobertas, incluindo os pequenos tamanhos de amostra da maioria dos estudos, e que as dietas veganas variaram substancialmente de acordo com o teor de carboidratos, proteínas e gorduras. O que obviamente não invalida os dados obtidos. 

Há outros aspectos importantes nessa escolha de vida. Um estudo da Universidade de Florença, na Itália, descobriu que, entre os veganos, o risco de ter câncer é 15% menor em comparação com quem consome carne e derivados. Outro estudo, das Universidades de Tulane e de Michigan, publicado na Environmental Research Letters, descobriu que o consumo de carne, laticínios e ovos é responsável por quase 84% das emissões de gases de efeito estufa relacionados a alimentos nos EUA. Quando uma pessoa dá preferência a carnes e laticínios, contribui para uma produção cinco vezes maior de gases do efeito estufa do que quem prioriza vegetais.

Ando pensando bastante em tornar minha alimentação mais sustentável para o planeta e mais saudável pra mim. Mas ainda não tenho energia para mudar 100%. Talvez começar aderindo ao movimento segunda sem carne, aprendendo mais receitas com ingredientes veganos e fazendo algumas trocas simples na rotina. Ter em mente que, na pecuária industrial, para produzir um quilo de carne são necessários 15 mil litros de água, enquanto que para produzir um quilo de cereais basta 1,3 mil litro de água (FAO – Food and Agriculture Organization), vai ajudar bastante. 

Yanna Guimarães

Jornalista e mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova de Lisboa.