Receita para viver mais: pouco estresse e muito otimismo
Escolher com quais batalhas eu devo me estressar tem sido minha estratégia atual de levar a vida, especialmente quando o assunto é a birra do meu filho de 3 anos. Um risco na parede não me abala. Muito menos a bagunça generalizada. Mas no último sábado ele arremessou o celular num ataque de raiva e acabou quebrando a tela da TV. O prejuízo grande nessa época de vacas magras brasileiras não me deu muita escolha a não ser me estressar. E muito.
O estresse – na forma de eventos traumáticos, tensão no trabalho, estressores diários e discriminação – acelera o envelhecimento do sistema imunológico, aumentando potencialmente o risco de câncer, doenças cardiovasculares e doenças causadas por infecções como a Covid-19, de acordo com um novo estudo estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC), publicado esta semana no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
À medida que as pessoas envelhecem, o sistema imunológico naturalmente começa um declínio dramático, uma condição chamada imunossenescência. Com a idade avançada, o perfil imunológico de uma pessoa enfraquece. Mas o que explica as diferenças drásticas de saúde em adultos da mesma idade? Os pesquisadores foram então em busca de calcular a exposição a várias formas de estresse social.
Eles analisaram as respostas de 5.744 adultos com mais de 50 anos sobre suas experiências com estresse social ao longo da vida. Também foram coletadas amostras de sangue. Como esperado, as pessoas com pontuações mais altas de estresse tinham perfis imunológicos aparentemente mais velhos. “As pessoas que sofrem mais estresse tendem a ter uma dieta e hábitos de exercícios mais pobres, explicando em parte por que eles têm um envelhecimento imunológico mais acelerado”, disse Eric Klopack, autor principal do estudo.
Klopack explica que melhorar a dieta e a frequência de exercícios em adultos mais velhos pode auxiliar a compensar o envelhecimento imunológico associado ao estresse. Outra coisa que pode ajudar são os altos índices de otimismo, conforme outro estudo, feito por pesquisadores de Harvard e publicado no Journal of the American Geriatrics Society. Eles descobriram que níveis mais altos de otimismo foram associados a uma vida mais longa, além dos 90 anos, em mulheres de todos os grupos raciais e étnicos.
“Muitos trabalhos anteriores se concentraram em déficits ou fatores de risco que aumentam os riscos de doenças e morte prematura. Nossas descobertas sugerem que há valor em focar em fatores psicológicos positivos, como otimismo, como possíveis novas maneiras de promover a longevidade e o envelhecimento saudável em todo o mundo”, explica Hayami Koga, principal autor do estudo.
Para esta pesquisa, foram analisados dados e respostas de 159.255 participantes da Women’s Health Initiative, que incluiu mulheres na pós-menopausa nos Estados Unidos. Dos participantes, os 25% mais otimistas provavelmente teriam uma expectativa de vida 5,4% maior e uma probabilidade 10% maior de viver além dos 90 anos do que os 25% menos otimistas. “Nós tendemos a nos concentrar nos fatores de risco negativos que afetam nossa saúde. Também é importante pensar nos recursos positivos, como o otimismo”, concluiu.