Colaborar – fazer junto
A ideia de conjunto está em alta. A todo momento ouvimos falar em cocriação, coworking, coprodução e codesign, por exemplo. Na raiz de todas estas palavras e práticas está a ideia de fazer algo com outras pessoas em uma lógica de relações horizontalizadas. Um labor em conjunto, uma “co-laboração”.
Na área da Comunicação e do Design existem modelos colaborativos e multidisciplinares já consagrados, como os duetos entre redação/direção de arte, jornalismo/fotografia e design/ilustração. Sabemos que não é só a união de texto e imagem que faz um conteúdo chegar ao público. As equipes que viabilizam os artefatos comunicacionais também são formadas por profissionais de atendimento, de mídia, de design editorial, de tipografia, de produção gráfica, de programação e tantas outras.
Mas será que temos realmente preparo para atividades em grupo ou nos acostumamos a repetir a frase dita na escola “a minha parte do trabalho…”? A maioria dos cursos, das práticas e das culturas profissionais que temos hoje em dia foram criadas na perspectiva industrial da divisão, da especialização e da individualização. Não que saber muito sobre um assunto ou preferir fazer algo só seja ruim, mas há o risco de perder a noção do todo.
Como bem nos lembra Rafael Cardoso, historiador e crítico do Design, “no mundo complexo em que vivemos, as melhores soluções costumam vir do trabalho em equipe e em redes”. Para isso acontecer, é preciso virar a chave, mudar, repensar e desenvolver práticas que mais se aproximam do fazer artesanal e coletivo do que dos modos industriais.
Os caminhos para estas mudanças passam pelo cultivo de habilidades pessoais como a empatia, a boa comunicação e a capacidade de negociação. Também é preciso mudar as formas de fazer na direção de objetivos em comum, de visão do todo, de rejeição ao autoritarismo e de socialização dos resultados.
Desde o começo, no planejamento e na definição das metas até a própria execução das atividades, deve ser colaborativa. Mas isso só é possível com uma profunda interação entre as profissionais e com a fusão de valores tanto para propostas conjuntas, como para solução de problemas. Não é apenas a intensa troca de informações entre as equipes que caracteriza a colaboração, mas a comunicação, a confrontação e a sinergia.
Co-laborar não é fácil e nem vai ser rápida a mudança, mas em cima dessa base coletiva e com uma visão ampliada sobre os projetos e processos da Comunicação e do Design que devem ser erguidas as práticas contemporâneas. Fugindo de nomes da moda, ampliando as equipes, visibilizando as profissionais e propondo conteúdos que tenham relevância para o público.