Quem quer tempo livre?
Você já se pegou pensando em como queria que o fim de semana tivesse mais um dia? Ou que pudesse tirar férias duas vezes ao ano? De uma forma ou de outra, a maioria de nós está sempre buscando mais tempo livre. À medida que ganhamos mais tempo aumenta também a nossa sensação de bem-estar. Mas isso só até certo ponto. Muito tempo livre também pode ser uma coisa ruim, de acordo com uma pesquisa publicada pela Associação Americana de Psicologia. Tudo depende de como você vai utilizá-lo.
“As pessoas costumam reclamar de estarem muito ocupadas e mostram que querem mais tempo. Na verdade, ter mais tempo está relacionado a uma maior felicidade? Descobrimos que a falta de horas ociosas no dia resulta em maior estresse e menor bem-estar subjetivo. No entanto, embora pouco tempo livre seja ruim, ter mais tempo nem sempre é melhor”, explica Marissa Sharif, autora do estudo. A pesquisa foi publicada no Journal of Personality and Social Psychology.
Os pesquisadores analisaram os dados de 21.736 americanos. Os participantes forneceram um relato detalhado do que fizeram durante as 24 horas anteriores – indicando a hora do dia e a duração de cada atividade – e relataram sua sensação de bem-estar. Os pesquisadores descobriram que, à medida que o tempo livre aumentava, o bem-estar também aumentava. Mas estabilizou em cerca de duas horas e começou a diminuir após cinco horas.
Para investigar melhor o fenômeno, os pesquisadores realizaram dois experimentos online envolvendo mais de 6 mil pessoas. Os participantes foram convidados a imaginar ter um determinado período de tempo livre todos os dias por pelo menos seis meses. Eles foram designados aleatoriamente para ter uma quantidade baixa (15 minutos por dia), moderada (3,5 horas por dia) ou alta (7 horas por dia). E precisavam relatar até que ponto teriam alegria, felicidade e satisfação.
Os participantes de ambos os grupos de tempo livre baixo e alto relataram bem-estar inferior ao do grupo de tempo livre moderado. Os pesquisadores descobriram que aqueles com baixo tempo ocioso se sentiam mais estressados do que aqueles com uma quantidade moderada. Mas aqueles com altos níveis de tempo livre se sentiam menos produtivos do que os do grupo moderado, levando-os a também ter menor bem-estar. Também foi avaliada a sensação de produtividade. Escolher como passar esse tempo livre e preenchê-lo com atividades produtivas levou os participantes a um maior bem-estar.
“Nossas descobertas sugerem que deixar de ter dias inteiros livres para preencher a critério de alguém pode deixar uma pessoa igualmente infeliz. Em vez disso, as pessoas deveriam se esforçar para ter uma quantidade moderada de tempo livre e gastar como quiserem. Em casos de quantidades excessivas de tempo ocioso, como aposentadoria ou deixar um emprego, nossos resultados sugerem que esses indivíduos se beneficiariam em gastar seu tempo recém-adquirido com um propósito”, completa a autora.